terça-feira, 21 de setembro de 2010

A homenagem à Pasquale ,que não chegou a se realizar !

Brincadeira de estudantes - Busto do Pasquale, em caricatura.

Muitos dos trabalhos do velho Pasquale, os que não se perderam por falta de cuidados dos seus proprietários originais e ou herdeiros, estão em residências de família baianas. Eu mesmo , tenho alguns que sobraram de uma história que não posso deixar de contar, afinal já passou muito tempo e o caso fica enterrado na poeira do passado...

A morte do meu avô consternou todo o ambiente artístico da Bahia pelo seu inesperado . As pessoas teimavam em não acreditar e em dizer que havia um engano , que quem havia falecido teria sido o seu genro, meu pai . que, efetivamente, na época, estava doente, se recuperando de um AVC. Confirmado o desaparecimento do artista, logo surgiu um movimento e a idéia de prestar-lhe uma homenagem com a colocação de um busto seu em praça pública. A comissão formada, propôs à família a realização de uma exposição e venda dos trabalhos que tínhamos am casa, que foi realizada no salão principal da antiga Biblioteca Pública , que existia na Praça Tomé de Souza ( havia dois prédios iguais na praça : um, da biblioteca e outro da imprensa oficial ), para a colocação de uma erma ( um medalhão encrustado num bloco de granito ). A retrospectiva aconteceu sob os auspícios da revista ALA, especializada em letras e artes (Ano VI – n. 250, de 1943 – VIII salão de Ala. Com o produto das vendas , se faria a homenagem, que nunca aconteceu e, do dinheiro coletado, ninguém soube dizer nada. O tempo passou e Pasquale De Chirico ficou sem a justa e merecida homenagem , paga por ele próprio, diga-se de passagem. Ele que foi o primeiro na arte da escultura na Bahia, professor e um dos criadores da antiga Escola de Belas Artes , pioneiro no bairro do Rio Vermelho, ao estabelecer a sua residência definitiva no endereço da av. Oceânica, esquina do que é hoje a rua da Sereia, pedaço considerado o Bairro dos Artistas .

Uma das suas habilidades, estava no desenho a crayon . Como tinha sensibilidade para mexer com a luz ! Basta olhar um dos seus desenhos, é claro. Na lenta e calma rotina do seu trabalho , produziu incontáveis maquetes, como, por exemplo a referente ao monumento à Rui Barbosa, cuja concorrência venceu mas que não chegou a ser realizado por falta de verba, doença que já vem de longas datas. A maquete, hoje, faz parte do acervo da “ Casa de Rui Barbosa “, endereço do Centro Histórico de Salvador (Ba) , onde poderá ser vista, inclusive com os próprios móveis e pertences do “ Águia de Haia “.



No decorrer da sua vida, expôs diversas vezes no salão da antiga Biblioteca Pública do estado da Bahia. A última exposição de alguns trabalhos seus, foi realizada no período de 12 A 30 de novembro de 1974 na sede do Museu do Estado da Bahia . Foi uma retrospectiva com alguns trabalhos recolhidos por empréstimos de amigos e da sua própria família, pelo transcurso do centenário do seu nascimento.

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