terça-feira, 17 de agosto de 2010


Os últimos detalhes do mercado do peixe e da Praça Caramuru no Rio Vermelho.

Conforme o Blog do Rio Vermelho anunciou, repaginando um artigo estampado em coluna de Waldemir Santana, agora se fala da intenção do artista plástico Santi Scaldaferri realizar não 2 , mas 4 esculturas enriquecendo ainda mais as obras de revitalização da Mariquita no seu todo . Além da estátua do Caramuru e do índio, é pensamento do artista acrescentar uma em homenagem a Yemanjá e outra já denominada “águas de março “.

O blog do Rio Vermelho sugeriu a melhoria do pacote com mais uma obra, desta vez homenageando o escultor Pasquale de Chirico , velho morador do Rio Vermelho e o embelezador da cidade com tantas estátuas em praças públicas, que teria ficado esquecido até hoje, não tivesse sido o meu empenho em resgatar a sua memória. Como todos aqui no pedaço sabem , sou neto do Pasquale e, portanto, interessado no assunto .
Na verdade, em matéria de qualidade e quantidade de obras, De Chirico, até hoje , ainda não foi superado.

Fala-se e muito, de pioneirismo. DE CHIRICO, foi um pioneiro no Rio Vermelho. Feitas as contas , se ele faleceu em 31.03.1943, após 40 anos de Salvador, ele se instalou na casa em que morou ( e que depois aconteceu ter sido doada a Caymmi ) na primeira década do século XX. Algo que não se discute mais ... Algo que, mesmo na base de conclusões, fica sacramentado !

Claro que a idéia me fez feliz, mas não acredito que ela venha a se realizar, por uma série de fatores que não vale a pena mencionar. No entanto, no próprio Blog, já me manifestei. Se o milagre acontecesse, por que não ? Não gostaria de ver a homenagem ao velho “Construtor de estátuas “ como o chamava o jornalista e crítico de Artes, Carlos Chiaccio, autor da Revista ALA ,na Mariquita. Haveria um local mais apropriado que seria a pracinha justamente em frente a casa que construíu, e em que eu mesmo, ainda criança, alçado pelos operários, dei o primeiro prego na cumieira .Me manifestei sobre o tipo de homenagem, dizendo que poderia ser coisa simples . Apenas uma coluna de granito cinzelado com um medallhão em bronze , incrustado .

Outrossim, algo que manifesto agora, é que gostaria de que o medalhão fosse aquele em poder da Escola de Belas Artes da Bahia – UFBA, de autoria do seu melhor aluno, o também escultor ISMAEL DE BARROS, evidentemente que já falecido, que todos os envolvidos esqueceram. A homenagem estaria completa , sendo de autoria do seu melhor e aluno predileto. Nada muito difícil. Quem é do ramo, conseguirá ,por empréstimo , a obra, apenas para fazer uma cópia, que poderia ser feita pelos próprios alunos atuais da Escola de Belas Artes e o custo seria mínimo possível, já que eu mesmo vejo, em toda a questão , o problema da grana, que é uma doença crônica que vem nos perseguindo e a quem tem idéias, há muito tempo .

Estou me manifestando para que não precise ser consultado e para que possam se orientar a respeito . Espero mesmo, de todo coração, que o artista plástico Santi Scaldaferri possa realizar o seu projeto incluindo mais esse, de uma figura que ele, certamente, conheceu.

Assim, já se passaria a falar de cinco ( e não 4 ) obras . A inclusão da homenagem a Pasquale, que a cidade, certamente, lhe deve, não influiria demais nos orçamentos, não deveria ser problema, pois seria bem simples e humilde como ele mesmo sempre foi.

A bem da verdade, ela já deveria ter acontecido há muito tempo. Quando ele morreu, uma comissão propôs à família, que se reunisse algumas das obras restantes, quadros , desenhos, estatuetas , etc. que ficaram em casa, para que se fizesse uma exposição e que se usasse o dinheiro para realizar uma homenagem a Pasquale em Praça pública. O dinheiro deveria ter sido depositado no Banco do Brasil. A exposição aconteceu no prédio da antiga Biblioteca pública do Estado, na hoje Praça Tomé de Souza, que depois foi derrubado junto com o irmão gêmeo que abrigava a Imprensa Oficial do Estado, para dar espaço àquela monstruosidade que é a Prefeitura de Salvador, em obra, que destoa totalmente do conjunto existente no local.

Aqueles dois imóveis estavam tão bem integrados ao conjunto da praça histórica, e poderiam, ainda hoje, estar servindo a alguma finalidade social. Uma pena que, num momento de insensatez, alguém teve uma idéia como aquela !

Os anos se passaram o dinheiro e as pessoas se volatizaram e tudo ficou por isso mesmo...O pior de tudo : a família ficou sem as peças e a ver navios... para casa, só voltaram as sobras.

Finalizando, desejo que todas as pessoas percebam que não estou pedindo nem implorando nada, pois a idéia não foi minha, da mesma forma como considerei que uma certa publicação veiculada há alguns anos pelo bairro não foi mais do que uma obrigação de quem se propõe a divulgar coisas do bairro , ocasião em que fui chamado de “ mal agradecido “...num mail que não pode ser reproduzido.

Salvador deve à DE CHIRICO , uma pequena conta que ainda poderia ser paga, mesmo que singela , afinal, além de pioneiro no Rio Vermelho , está demonstrando que é imortal, na história da cidade.

A única homenagem conhecida ao baixinho ( 1,55 m ) está na Escola de Belas Artes da Bahia , no Canela. Lá existe uma sala com o seu nome e onde os alunos passados e atuais , fazem os seus estudos e trabalhos.Pelo menos, lá, não ficou esquecido...na escola que ele próprio ajudou a fundar !


Bartolo Sarnelli

Em 17.08.2010 – Neto de Pasquale De Chirico.




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